Eu não sei mesmo como aquilo foi parar ali. Um dia acordei e, como de costume, fui até a área de serviço regar as plantas no sol carinhoso do começo da manhã.
Ali na bancada é onde cuido de alguns vasos de planta: um pé de boldo extremamente saudável, um pé de manjericão que teima em criar cachos de flores toda semana, um pé de alecrim que quase morreu e, hoje, vive felicíssimo, um vaso de ora-pro-nóbis que vive alcançando o teto, um abacateiro que demorou quase 3 meses pra germinar, mas não desisti dele nem um minuto e… o que é isso no vaso do abacateiro?!
Conheço de longe um broto de feijão. Daqueles tempos de escola dos anos 80 em que plantávamos feijão no algodão pra aula de Ciência. Minha mania de germinar feijão foi muito além da escola. Mas eu não tinha plantado nada ali. Dei de ombros e deixei escapar um sorriso. Levei como um bom presságio.
Reguei o vaso e retirei algumas folhas do abacateiro que estava crescendo bastante nas últimas semanas.
Acabei a rega, olhei os vasos todos felizes com a água escorrendo pela terra. Que inusitado um pé de feijão. Tinha me feito lembrar da infância.
As semanas foram passando e o feijão só crescia. Em duas semanas dormi com ele espalhando suas folhas no vaso e acordei com ele já se enrolando no abacateiro como se fossem amigos de longa data.
Passaram-se uns três meses e, hoje, colhi oito vagens cheias de feijões. Uma semente resultou em quarenta e quatro grãos, 4.400% de puro crescimento orgânico.
Nunca imaginei que conseguiria fazer um pé de feijão viver todo o seu ciclo, mas lembrei das manhãs ainda com sono em que me encaminhava até a área. Era a antecipação da felicidade de ver as plantas crescerem um pouco mais todos os dias: o incentivo perfeito pra continuar meu ritual de alimentar as plantas e bater um papo rápido com cada uma delas.
Claro que plantei um dos novos feijões junto do abacateiro novamente. Imaginei que ele ficaria com saudade do seu amigo. O ciclo se repete, outros feijões, outros desafios, todos os dias.
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